sexta-feira, junho 23, 2006

Gostei, sinceramente, gostei

Acabo de assistir, na RTP1, à entrevista e declarações da Ministra da Educação. Gostei. Acho que pôs o dedo na ferida: dos professores, dos alunos e dos pais. E não falo de cor. Como sempre, falo de experiências próprias. Não invento. Acompanhei o meu filho, diáriamente, no seu percurso escolar. Alguém, dos críticos da Educação em Portugal, já passou, por exemplo, na João de Barros à hora de saída dos alunos? Talvez não, porque veriam carros parados em 2ª fila, na passadeira, a 10cm da passadeira, enfim, muito desgosto por não ser permitido que os carros entrem dentro da própria escola, de preferência à porta da sala de aula. Excelente exemplo de civismo, educação e respeito pelas Leis por parte da grande maioria dos Papás e Mamãs. É lógico que aquelas crianças, mais tarde, terão o mesmo procedimento - filho és, Pai serás... Presenciei, ao vivo, uma das cenas relatadas pela Ministra - uma mãe, junto da Directora de Turma, a reclamar porque a professora "chamou a atenção" do filho para uma atitude menos correcta (nem digo qual). Assim como presenciei uma mãe, perante as más notas do filho comentar: "Mais um ano que chumbas, não é? Ok, tudo bem." Se acham que isto é educar... Roubaram, na altura (já lá vão uns anos), uns ténis novos ao meu filho e surgiu um professor que tomou o caso em suas mãos. Conseguiu recuperar os ténis á custa de muitos problemas com os familiares do "pequeno delinquente", como se fosse o prof. o criminoso. Ao contrário de muitos "pseudo papás e mamãs" entendi (e entendo) que a educação de uma criança não é da exclusiva responsabilidade dos Pais. É da responsabilidade de todos os que convivem com a criança e a chamada de atenção, o "castigo", a lição surgem na hora perdendo-se (ganhando-se?) se preciso, várias horas a explicar à criança o porquê do "raspanete" ou do castigo (não estou a falar em pancada, Ok?). Estive uns meses de relações cortadas com o meu Pai - saudade - precisamente por isso. Porque não deu uma reprimenda no meu filho e esperou que eu chegasse para contar o que se passou. A responsabilidade pela educação era, na altura, dele. Deveria ter agido. Não agiu com receio da minha reacção. Assim como muitos prof's não agem (alguns, é verdade, querem apenas o cheque ao fim do mês) com medo da reacção dos "papás". Dos "papás que, muitas vezes, passam 2 horas por dia (se tanto) com os filhos e acham que são "pais (mães) perfeitos". Castiguei o meu filho quando ele já era "maior e vacinado" - quase 19 anos e por nada de grave. Acatou o castigo, no dia seguinte falou comigo, percebeu o porquê e tem esta saída "tens razão, sou novo, ainda estou a aprender". Tenho um sobrinho que é mais vezes "castigado" por mim que pelos Pais e, sou tão mau, que se o garoto pudesse, passava os dias comigo apesar dos "castigos e puxões de orelha". A educação de uma criança é um dever de todos: dos Pais (principalmente), dos avós, dos tios, dos cunhados, dos professores, dos explicadores, enfim, de todos os que convivem com a criança. Porque não dar um ralhete na hora por comodismo, porque daqui a 10 minutos a criança está na cama, vai para casa dos avós, para a escola ou outro lado qualquer, ou "porque hoje tive chatice no emprego e não estou para ouvir o meu filho chorar", não dá. São pais que, para não ouvirem o filho chorar por meia hora, invariavelmente, verão esse mesmo filho sofrer a vida inteira.

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